Por Carol Szabadkai
Eu sempre acreditei em sonhos, destino, amor e borboletas.
Não acredito que o destino esteja de tal forma traçado, que sua vida esteja totalmente esquematizada desde o momento em que nasceu e condenada a vive-la da maneira que lhe foi imposta, mas acredito num destino de possibilidades. Acredito que certas coisas são determinadas a passar por nossa vida e você escolhe olhar para elas ou não, segui-las ou não. Uma das escolhas do destino, em minha teoria, seria o verdadeiro amor.
Talvez eu tenha inventado tudo isso pelo simples fato de não poder aceitar que encontrei meu amor por acaso e que, por acaso, eu talvez pudesse simplesmente não ter parado meus olhos nos dele. Como viver com essa possibilidade?
O fato é que, numa noite qualquer, num dos dias mais desacreditados no amor que já vivi, jurando não olhar para nenhum homem, eu o vi e apaixonei-me antes mesmo de ter uma resposta de seu olhar. Tive vontade de chorar quando os seus olhos não encontraram os meus e sim o de outra mulher, como se tivessem me arrancado algo… Mas o destino, o tal responsável e dono de minha fé, tratou de agir, e brilhei novamente assim que o encontro aconteceu.
-Olá, eu sou Zsombor, não sou brasileiro, sou húngaro.
Quem é ele, essa pessoa que mexeu comigo antes mesmo de me ver? Húngaro? E como não se entregar à paixão na mesma hora, com tantos mistérios o cercando?
Nunca sonhei em sair do Brasil, sempre fui dessas patriotas satisfeitas, que apenas sonham em viajar para praias próximas, cercada de família e amigos antigos. A vida pra mim tinha um plano muito simples: um bom emprego, casa, família e amigos ao meu redor. Mas esse húngaro trouxe-me um caminho novo, uma possibilidade de destino a se aceitar ou ignorar, sem meio termo. Era com ele ou sem ele para sempre.
Embora pareça uma escolha, não tive muito o que escolher. A partir do momento que o vi, eu sabia que não viveria sem sua presença e ele não demonstrava menos que isso por mim. Seu desespero era o mesmo que o meu, sua certeza era clara como minha própria e, embora o tempo fosse curto, foi mais que suficiente para prever o futuro que queríamos. Do momento em que nos conhecemos, até seu retorno à Hungria, tínhamos exatos 2 meses para decidir nossas vidas. E mesmo que decidido, como ficar juntos? Era impossível…
Eu tinha apenas 22 anos, ele 18, nenhum dos dois era independente financeiramente. Como acreditar que aquilo daria certo? Muitos não acreditaram. Muitos disseram que era loucura, que estaríamos jogando nossas vidas fora nos comprometendo tão jovens, imaturos, ou que nos machucaríamos se continuássemos. Impossível, simplesmente impossível!
Mas como viver um sonho se não mergulhamos fundo nele? Da superfície não se via resposta, então era preciso ir mais a fundo… Mesmo com tantas evidências contra nossa teoria amorosa.
E em algum momento entre o primeiro olhar e a primeira lágrima de incerteza, nos vimos encurralados entre todo o sentimento esmagador e muitas portas fechadas. Tivemos que procurar pelas frestas, nos apertar entre saídas que pareciam armadilhas e por vezes, bater de cara com uma parede… No entanto, nunca foi opção desistir. Depois do encontro das almas, não havia espaços que nos separassem… nem mesmo 7 meses com a distância entre nós, depois de tão pouco tempo juntos.
E como eu poderia não acreditar em destino? Poderia eu aceitar que mudei meu mundo todo por acaso? Que se não o encontrasse naquela noite, jamais sentiria o que sinto por ele hoje? Não seria quem sou hoje? Talvez, se eu não acreditasse em destino, não tivesse insistido. Mas crente que sou em magia e contos de fada, continuei. Acreditei na possibilidade que o destino me deu de escolher. E ele sabia… O destino me conhece bem e sabe que para um bom sonhador, uma borboleta basta. Bastou aquele olhar, bastaram as batidas fortes do coração para saber: ele é o meu destino.
Entre labirintos, fui seguindo meu sonho, O seguindo, meu húngaro, perseguindo as borboletas. Mudei-me para a Hungria, nos casamos, tivemos 2 filhos, escrevi um livro sobre nosso amor e baseei todo meu futuro naquele encontro, naquele olhar…
Como não acreditar no destino, se Ele é o próprio?
Fonte: Curtindo Crônicas
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