Depois de um longo e gelado inverno, começa a primavera na Hungria.
Tudo renasce, até mesmo nossa paz interior. As flores começam a brotar: tulipas, cerejeiras, violetas – essas brotam como mato nos quintais, sem cuidado nenhum, e salpicam a grama verde com o seu roxo delicado… Nessa época do ano, a natureza apresenta a delicadeza de um bebê.
As pessoas usam um casaco leve, mas algumas arriscam-se a usar apenas uma camiseta. O ar ainda é geladinho quando bate um vento, mas todos estão ansiosos para sentir o sol e seu abraço quente. Não que ele não apareça no inverno, mas acena de muito longe com seus raios, só agora podemos ter contato com o calor.
Os dias começam a ficar mais longos e depois do trabalho conseguimos apreciar um passeio de bicicleta com as crianças. A praça central fica lotada de pessoas sentadas conversando: nos bancos, nas escadas, no chão e nos cafés por volta. As crianças correm, pedalam, passam de patins e skate.
Ao fundo, temos uma trilha sonora. Não é apenas nos filmes que as ruas europeias soam violino! Violino, violão, harmônica… Qualquer pessoa pode pegar seu instrumento e fazer um showzinho pela cidade. O ar é pura música, cheiro de flor e aconchego de sol.
E nesse ambiente eu sempre volto a me apaixonar pela vida que tenho, nesse lugar tão distante de onde nasci e que me ensinou o significado da saudade. Com a Hungria também aprendi outros significados, aprendi a dar valor a coisas simples, como o calor, depois do frio, a luz, depois da escuridão… Aqui vemos famílias passear e brincar com os filhos no final da tarde, pois são lembradas de que o sol não está sempre lá, convidando a um “happy hour”.
Como não ser grata ao duro inverno, depois que nos faz enxergar essa beleza toda? Faz-me pensar que as vezes é muito bom passar por um período mais difícil, para nos lembrar de que devemos apreciar as primaveras da vida.
Por Carol Szabadkai
Fonte: Curta Crõnicas
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